quarta-feira, 6 de maio de 2009

Meant to be together

Por orientação marcadamente realista, quando vou ver um filme, aprecio por preferência argumentos com finais inesperados e arrasadores. Porque o humor negro é o mais desconcertante (logo o mais encantador). Porque ansiamos pela capacidade de ainda nos conseguirem surpreender. Porque são, indiscutivelmente, os mais credíveis. No fundo, as nossas vidas estão também condenadas a um epílogo infeliz, a morte, e mesmo depois disso (a ideia de um gajo estar fechado num caixão, pálido, a cheirar mal, sozinho, sem net nem televisão, pode ser tudo menos agradável) só podem piorar.

Há pouco, com o jogo de Stamford Birdge a acabar, parecia-me estar a assistir a um bom filme. A ideia da final da Champions não ser um Barça - Man Utd (o jogo mais espectacular que se pode esperar nos dias que correm) era um desígnio digno do maior murro no estômago. Como se o príncipe encantado conseguisse eliminar todas as bruxas, demónios, dragões e Tommy Ovrebos que lhe aparecessem, para ficar com a Bela adormecida e, mesmo antes do final, descobrir que ela ressonava ruidosamente e era afinal um travesti peludo.

O salto que dei com aquele truque do destino que o Iniesta aplicou ao Chelsea, fez-me sentir uma donzela a suspirar com o desfecho em tons de rosa duma qualquer comédia romântica. Quero acreditar que este entusiasmo não é um fenómeno de despatriação (vou registar patente desta), mas apenas um flirt passageiro, originado pela falta de apetite sexual recente do meu amor de sempre (Recente é um eufemismo. O Benfica estar frígido é outro. A ideia de nos estar a encornar seria poética, mas infelizmente idiota.).
Em todo o caso, a imagem daquele puto a chorar vai correr mundo. Convém que alguém lhe conte uma história diferente antes de dormir. Por exemplo, que a final de Roma vai ser um dos maiores desafios dos últimos anos (espero não me enganar). Ou, em último caso, que os melhores filmes são os que têm os piores finais.

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