quarta-feira, 29 de abril de 2009

Homónimos desavindos

Com a gripe "mexicana" a contaminar mediaticamente toda a actualidade, os meus olhos detiveram-se numa daquelas noticias que verdadeiramente afecta a natureza humana. Gostava de saber a reacção dos VL's e JNPC's. Riram com gosto? Babaram-se? Ou alguém por perto acendeu um cigarro para denunciar uma tempestade de ventanias aromáticas?

Agora, muito a sério...Eu acho que todos os clubes deviam ter, à frente dos seus destinos, um suíno comprovadamente engripado, senão o futebol português nunca deixará de ser nem justo, nem deprimente.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ofereço-me


No nosso mundo, este mundo é outro. Arrepiantes até na excepção...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Atropelo na passadeira

Estes fins de tarde a escorregar para o Verão desembaraçam-me emocionalmente. No regresso a casa, detive-me numa passadeira subjugada ao poder de uma parelha invulgar. Um chavaleco para aí com uns 13 anos atravessava-a de mão dada com uma pequenita duns 7. Ele com o peito inchado de protecção. Ela com o caminhar tranquilo daquele amparo. As mochilas a condizer. Chegados à outra margem, ele pousa-lhe as mãos no ombro com sensibilidade de ourives e "força" a inversão de mãos para lhe dar o lugar do passeio mais afastado da estrada. Os meus pitosgas ficaram embevecidos a contemplar o cenário. Tão embevecidos que nem dei pelos 10 mânfios que se acotovelavam impacientes na minha traseira. Despertei com as buzinas. Desconfio que o gel para as gengivas me anda a menstruar o cérebro...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Já passou...

Se há momento que me arrebata de entusiasmo, ele é a entrada no consultório do dentista. Depois de uma dormência que suspeito ser de origem hipocondríaca, acabei por escolher o caminho da penitência. Boca aberta. Tubo estranho a expelir seja lá o que for. Maxilares com encaixe no ponto de equilíbrio limite. Pilha de nervos. "Espectáculo. Reparem na categoria destes dentes!" Espionagem a 6 olhos. "Pois é, caro amigo. Tens uns dentes espectaculares. As gengivas é que são uma merda. Temos de tratar disto." Não gostei desta última parte. As gengivas até podem estar num estado lastimável, mas será que não podemos tratar disso quando voltar cá na próxima década? Para atenuar o carácter bélico que a minha mente assume por instinto, comecei a simular percussões com as pontas dos dedos nos apoios da cadeira (um dentista tratar um cliente com as mãos soltas é definitivamente um acto de coragem) e concentro-me nas minhas antíteses. Dentes magníficos, gengivas de merda. Olfacto apurado, mas o septo nasal mais torto que as costas de um corcunda. Olhos lindos de morrer (esta é só para enfatizar), mas ao longe não vêm um carilho. Audição perfeita, mas um desequilíbrio tão grande no ouvido interno (síndrome vertiginoso para quem gosta de chamar as coisas pelos nomes) que nos dias piores a terra não é quadrada nem redonda, é a centrifugação numa máquina de lavar roupa. Sovaqueira selvaticamente densa, mas que aparece como destino de luxo nos melhores guias turísticos para piolhos (não sei de onde surgiu esta, mas na cadeira do dentista não convém um gajo interromper raciocínios). Umas unhas dos dedos dos pés com um desenho de excelência, mas que ao mínimo descuido decidem crescer carne adentro. Grandes tomates, mas de dimensão testicular diferente (nada de perguntas, se faz favor) e provavelmente o peso também (não dá para conferir esta individualmente, eles recusam-se a estar longe um do outro). Cingindo-nos a índices de valentia, esta última não podia ser mais falsa. Consigo ser mais cobarde do que qualquer um que me desafie. Uma no cravo e outra na ferradura. "Terminámos. Levas este gel para massajar as gengivas depois de cada lavagem dos dentes." Cuidadosamente voltei a reencaixar tudo no sítio. Aperto de mão. "Daqui a 5 anos, volto a passar por cá. Vou indo. Prazer em vê-lo." (Pelas costas!!)

Até o alivio de sair dali para fora contrasta com o suplicio das massagens bidiárias. Especialmente quando os dedos atingem as extremidades da boca e tocam as membranas inferiores da língua. Já aprendi a não o fazer depois do pequeno almoço. Consegue ser tão eficaz como colocar os dedos na garganta antes de deitar o corpo alcoolizado.

Deus é perfeito. Deus criou o homem à sua imagem. Regozijo-me com mais este contraste. Eu prefiro acreditar que o homem se viu forçado a criar Deus. E, logo a seguir, cagou satisfeito no assunto e deixou-o sem imagem e tudo. Afago a calvície que me poupa o pentear matinal e inspiro demoradamente para exagerar a proeminência duma barriga de anos acumulados de tratamento privilegiado. Vou-me deitar.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A Música Hospedeiro



A imagem parasita convertida em refém...

Tropeçar no passado

Em tempos já muito distantes, era eu pouco mais que uma criança cativa de regras rígidas (um ralhete do papá urso impunha mais respeito do que muitos dos tabefes que não se vêem nos dias de hoje) e consegui orgulhosamente negociar duas idas tardias para a cama por semana (excepção feita aos jogos do benfica que eram inegociáveis). Uma consumida pelo "Domingo Desportivo" da altura, a outra por esta preciosidade:



Mas que raio via eu nisto?!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dilemas urinários

Dias atrás, acabei a jantar num italiano perto da Trindade, com um grupo de amigos bissexual (o grupo, os amigos acho que não). Depois de abandonar os agasalhos no lugar escolhido, procuro a casa de banho para a costumeira urinadela rápida pré-janta (muito útil para disponibilizar espaço para uma rega avantajada). "WC" escarrapachado na porta, não há que enganar. Fase seguinte. Deparo-me com um corredor comprido, lavatório ao fundo, 2 portas, uma alemã a vociferar escarradelas de boca cheia ao telemóvel. Peço licença para passar, em português imperceptível, e preparo-me para escolher o meu confessionário do alívio. Numa porta, uma seta que bem podia ser uma cruz, na outra uma cruz que podia ser qualquer coisa. Que gaita. Em primeiro lugar, eu na altura nem estava convicto da correspondência de cada símbolo (naturalmente que entretanto já fui averiguar), no último, mesmo que estivesse, não ajudava muito. Espreitei para ver a reacção da donzela, mas ela continuava a devorar favas em voz alta e não me ligava nenhuma. Como o meu alemão se resume a contar até 9 (fruto do acompanhamento de muitas partidas de ténis e da minha curiosidade insaciável, que me fez ultrapassar o oito e parar logo a seguir no 9), deutschland, mannschaft, beckenbauer e rummenigge, desisti de pedir ajuda. Poderia dar-me um certo jeito saber rematar um "mijaste onde?" teutónico, mas desconfio que ela apenas ali estava para a conversa ter uma banda sonora rica em autoclismos. Adiante. Num acesso de lucidez, lembrei-me de ver o estado de asseio das nautilius, mas serviu-me de pouco. Ou a alemã tinha um mijar excêntrico, ou outra extravagante se lhe antecipou, ou esta era uma dúvida com que muito homem já se tinha deparado. Senti-me desde logo, mais tranquilo. Lembrei-me entretanto da imagem que se arrastava com a autora do blog "Pequenas Decisões" (um blog em tons de rosa que visito ocasionalmente quando estou bem disposto (apenas porque quando estou mal disposto, ando demasiado cenhoso para poder fazer qualquer tipo de visitas (a não ser de carácter higiénico, o que nos faz regressar ao tema original))), o que me fez decidir pela imagem que mais se assemelhava a uma seta. Fiz o serviço. Lavei as mãozinhas salpicadas. Tive pena de não estar num estado de aflição tal, que me tivesse permitido adicionar gratuitamente ao meu alemão vocábulos obscenos. Prova superada. Regressei ao meu lugar. Guardei o tema para o final do jantar. Dados estatísticos: 67 % dos inquiridos foi à casa de banho, 20 % não teve vontade; 75 % dos que precisavam de escoar acertaram na casa de banho (2 setas e uma cruz), 25 % (uma cruz) ainda tentava não respirar na viagem de táxi para casa.

Círculo com flecha apontada para cima (tinha ajudado se o sentido fosse ascendente) - símbolo de Marte, deus romano da guerra, representa a masculinidade.
Círculo com cruz - símbolo da deusa da beleza e do amor, representa o espelho de Afrodite e a feminilidade.

P.S. Superada a ignorância, o jantar em si foi excelente.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Paco de Lucia


Recordar noites quentes nas margens do Guadalquivir.

Reaprender

Ontem, como prefácio de um desejo de boa Páscoa, colaram-me os adjectivos de arrogante, patife e depreciador daqueles que colaboram comigo. Ainda por cima, de uma forma educada e respeitosa, o que me deixou fora de mim. Ando a tentar empurrar uma obra para a frente, sem me facultarem quaisquer elementos de trabalho, sejam eles pormenores, esquiços ou perspectivas elucidativas. "Quero que o aspecto final seja este." E um tipo que se desenrasque. O tempo não é folgado e acabo por carregar o projecto na cabeça, à boa portuguesa. Tudo a mim. Eu esclareço as dúvidas. E a dedicação devolve-me em troca um agradecimento destes. Mas porventura ainda acham que têm razão? Acham. E provavelmente têm.

O Sr. P. tem no mínimo mais 40 anos que eu e não precisa de pensar no que tem de fazer, simplesmente faz o que a experiência de uma vida de trabalho lhe ensinou, o que em termos técnicos praticamente lhe elimina o risco de cometer erros. Trabalha não por obrigação de sobrevivência, mas pela necessidade de ser útil. E respeita as hierarquias como ninguém. Protege aqueles que lidera, com a ambiguidade de tratamentos a que isso obriga e colabora com os seus "chefes" (neste caso aqui o patife) de uma forma dedicada. Ora quando o "chefe" se lembra de lhe passar por cima e começa a dar indicações a toda a gente, sente-se naturalmente desautorizado. Naturalmente. Quando deixamos que nos passem por cima, mais cedo ou mais tarde, a ponte sofre um alargamento para dois sentidos. E o que me enfurece mais, é que eu sei disso perfeitamente.

Fazer o quê? Quando temos alguém que chega ao trabalho meia hora antes de tempo e é o último a fechar a loja, e vive as horas de trabalho com um empenho como se não houvesse amanhã, ou qualquer outro lugar onde pudesse estar. Nos dias que correm, em que a crise justifica a desmotivação de tudo e todos, um emprego é uma preciosidade e o trabalho uma necessidade incómoda e a tolerância de ponto é a prenda ou a pedra no sapato de toda a gente, isto é um bem maior.

Não sei se vou repetir o erro, mas a minha consciência assumiu a mea culpa e delineámos novas estratégias de procedimento. Vamos tentar levar isto para a frente, Sr. P.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Més que un club

Pode-se dizer que para uma disputa ser muito desequilibrada, tudo tem de correr muito mal a uma das partes e muito bem à outra. E, aqui para nós, ninguém mais do que o Bayern merecia este pesadelo. Mas verdadeiramente, aquele Barcelona é um assombro. Aparte a pressão que exerce no campo todo quando não tem a bola, o que impressiona nestes catalães é o que conseguem fazer quando a têm, consolidando a sua estratégia na multiplicidade de escolhas nos vários momentos. Quando detêm a posse de bola, o jogador em questão nunca tem só uma opção, e quando toma a sua decisão, toda a equipa evolui e propaga a criação das escolhas seguintes, valorizando cada individualidade e deixando o adversário num estado de desorientação quase total. Presumo que isto exija cargas de trabalho táctico colossais às nobrezas presentes (e a renúncia de muitas tolerâncias de ponto).

A partir daí tudo é fácil, quando se tem a mestria de Xavi, o cinismo do mínimo esforço de Iniesta, a magia de Messi, o pêndulo compensador de Touré, a diversidade das movimentações de Henry e Eto'o, os desequilíbrios de Daniel Alves, enquanto cá atrás, não fosse o estilo "Rotweiller" de Puyol, e Piqué e Marquez bem podiam ser a linha mais atrasada duma equipa de matraquilhos. Absoluto e total. Fiquei rendido.

Clubismos à parte, o Porto ontem foi enorme. Uma equipa solidária eclipsa quaisquer nomes. Que sirva de lição de humildade a outros.
Teorizar sobre futebol!!! Onze contra onze e uma bola redonda. Ainda bem que nunca ninguém vai chegar a ler isto...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Adepto sofre

Os jogos do Glorioso estão a tornar-se tão enfadonhos, que a pergunta que se exige é:
- Alguém sabe a que minutos são os penalties do jogo com a Académica?

domingo, 5 de abril de 2009

Trapalhada

Um louco não pode deixar de "sorrir", quando contempla uma criança aborígene a estender uma das melodias do Feiticeiro de Oz numa gaita, "acompanhada" por um coro de outras crianças de raças desordenadas, num barco que emerge de destroços de guerra.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Brutalidade



s. f.
1. Qualidade de brutal.
2. Acção própria de bruto.
3. Assistir ao vivo, em Óbidos, ao Tango "Passion", de Rodrigo Leão.

Na falta de sentido de humor...

Por incapacidade inata, não sou capaz de assistir a reality shows. Novelas da TVI. Revistas cor de rosa. E todo o tipo de atentados à inteligência, que recorram à submissão ao ridículo para promoção de uma estupidez maior. Mesmo nos filmes, no momento em que a personagem vai ser desprezada ou expor-se à zombaria alheia, instintivamente mudo de canal. Não sei se tem a ver com a minha própria dificuldade em lidar com a rejeição, ou do transtorno que me causa ter pena de alguém.

Dou comigo a pensar nisto (o meu cérebro consegue ser profundamente ignóbil), uma semana após o meu avô se ter estatelado em casa. Não se lembra de nada. Alguém registou que doou uma quantidade significativa de sangue ao piso da sala (fruto de uma forte pancada na cabeça na queda). Recuperou a consciência, chamou sozinho o 112, desceu à entrada do prédio e aguardou pela ambulância. Não consegui deixar de me sentir orgulhoso. Com 91 anos em cima, é obra! Não que tenha a sua postura de vida como modelo a seguir, apesar de admitir o muito que alcançou, escalando a pulso. De qualquer forma, continuo a adiar sucessivamente a visita, cada vez mais tardia. "O avô está muito apático. Fala pouco e já nem te enfrenta com o olhar." Estou entalado entre a recordação da morte lenta da minha avó, contudo rápida demais para a visita que não fiz e a pena que não quero sentir por quem sei que não a merece (e orgulhosamente não a quer merecer).

Se isto desaparecer é porque mudei de canal. Redundei e tive pena de mim.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Não valia a pena pensar nisto

Imaginemos que por um feliz (ou infeliz) acaso, nós conseguimos reunir 11 mulheres e nem sequer somos muçulmanos. Imaginemos que são giras. Imaginemos que são boas. Imaginemos que por um acaso ainda mais feliz (ou catastrófico), elas são umas companheiras prendadas e pouco ciumentas, mantêm-nos a casa num mimo e satisfazem o nosso ego a todos os níveis. Nós, para não as deixarmos agonizar em ócio, nomeamos uma governanta, a qual distribui as tarefas e assegura o cumprimento das mesmas na nossa ausência (e em qualquer outra altura). Há quem lave a roupa, passe a ferro, cozinhe e por aí fora (não deve ser difícil encontrar onze tarefas diferentes, para quem sabe manter um lar com níveis de higiene aceitáveis, o que não é propriamente o meu caso). Imaginemos que nós temos uma preferida. Depravados como somos, óbvio que escolhemos a mais fogosa na cama. Aquela que nos realiza as fantasias mais badalhocas. Aquela que preferimos exibir na rua. Aquela que é tão boa, que toda a nossa rua sofre de um torcicolo recorrente. Agora imaginemos que num momento infeliz (indubitavelmente), nós concedemos à nossa cabeça acéfala o poder de decisão e por uma estupidez absoluta, nomeamos a nossa boazona de governanta e deixamos a mais sensata entregue à tábua de passar a ferro. Imaginemos que comemos com as consequências. As outras começam a não achar piada (além de ser a "preferida", ainda caga sentenças). Depois, a gaja é podre de boa, sabe que é podre de boa, vangloria-se de ser podre de boa e não sente necessidade de primar pela eficácia. As outras deixam-na entregue a ela própria, instalando-se a desarmonia. A gaja começa a ficar irritadiça e já nem na cama manda umas burlaitadas como deve ser. Nós começamos a ficar genuinamente fodidos (não percebemos nada da manutenção de um lar, mas já nos tínhamos habituado aos luxos). Moral da história?

"Quem é que foi o iluminado que nomeou o Ronaldo capitão da selecção?"