sexta-feira, 10 de abril de 2009

Reaprender

Ontem, como prefácio de um desejo de boa Páscoa, colaram-me os adjectivos de arrogante, patife e depreciador daqueles que colaboram comigo. Ainda por cima, de uma forma educada e respeitosa, o que me deixou fora de mim. Ando a tentar empurrar uma obra para a frente, sem me facultarem quaisquer elementos de trabalho, sejam eles pormenores, esquiços ou perspectivas elucidativas. "Quero que o aspecto final seja este." E um tipo que se desenrasque. O tempo não é folgado e acabo por carregar o projecto na cabeça, à boa portuguesa. Tudo a mim. Eu esclareço as dúvidas. E a dedicação devolve-me em troca um agradecimento destes. Mas porventura ainda acham que têm razão? Acham. E provavelmente têm.

O Sr. P. tem no mínimo mais 40 anos que eu e não precisa de pensar no que tem de fazer, simplesmente faz o que a experiência de uma vida de trabalho lhe ensinou, o que em termos técnicos praticamente lhe elimina o risco de cometer erros. Trabalha não por obrigação de sobrevivência, mas pela necessidade de ser útil. E respeita as hierarquias como ninguém. Protege aqueles que lidera, com a ambiguidade de tratamentos a que isso obriga e colabora com os seus "chefes" (neste caso aqui o patife) de uma forma dedicada. Ora quando o "chefe" se lembra de lhe passar por cima e começa a dar indicações a toda a gente, sente-se naturalmente desautorizado. Naturalmente. Quando deixamos que nos passem por cima, mais cedo ou mais tarde, a ponte sofre um alargamento para dois sentidos. E o que me enfurece mais, é que eu sei disso perfeitamente.

Fazer o quê? Quando temos alguém que chega ao trabalho meia hora antes de tempo e é o último a fechar a loja, e vive as horas de trabalho com um empenho como se não houvesse amanhã, ou qualquer outro lugar onde pudesse estar. Nos dias que correm, em que a crise justifica a desmotivação de tudo e todos, um emprego é uma preciosidade e o trabalho uma necessidade incómoda e a tolerância de ponto é a prenda ou a pedra no sapato de toda a gente, isto é um bem maior.

Não sei se vou repetir o erro, mas a minha consciência assumiu a mea culpa e delineámos novas estratégias de procedimento. Vamos tentar levar isto para a frente, Sr. P.

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