domingo, 15 de março de 2009

Artimanha Fariseu no Plural.

Vivemos todos desalinhadamente num T5, áreas excessivamente reduzidas para compatibilizar todas as personalidades. Nada de luxos. Um ego comum que comemora as vitórias como se fossem de todos e tranca as vergonhas no quarto do quinto que fez merda. Artimanha Fariseu (AJF) tem cinco inquilinos. Apresento-vos os nomes do meio:
  • Jacó (preferia Jacob, mas o gajo da conservatória fecundou-me a paciência até á exaustão) - O sobrevivente do quinteto. Responsável pelas boas avaliações nos tempos de escola e pelo ganha pão dos dias de hoje. Trata também das lides domésticas, apesar das aptidões limitadas (de qualquer forma, em terra de cegos, ninguém tem coragem de se queixar do gajo a quem o cão guia obedece). Assegura a manutenção da higiene pessoal e trata de minimizar os efeitos dos devaneios de Javardo durante os momentos de distracção e alívio. A sua popularidade no seio do grupo equivale à dimensão fálica, após o banho nas manhãs em que falta o gás. Roça o workaholicismo nos momentos de stress, pelo que é "carinhosamente" alcunhado pelos restantes de "palas de jumento". Fez-nos chegar aos dias de hoje.
  • Javardo - Um laxante explosivo. Mistura da infância que não fica para trás e de uma taradice sexual sem limites, com umas pitadas de nojo inerentes a um sadismo de origem desconhecida. Existe entre os restantes quatro uma escala de vigia, para impedir que os seus actos provoquem consequências sem retorno. Responsável pelos índices elevados de impopularidade de Artimanha junto das mulheres e namoradas dos seus amigos. Apesar dos outros residentes lhe terem retirado a verba acordada para o efeito, após embriaguez terminal numa noite de copos a solo, continua a tentar concluir monografia sobre "Obrigação de libertação de escarros durante períodos de expectoração densa vs Malefícios de contenção de gases em locais públicos". Desde que Artimanha descobriu que o sexo poderia ser praticado no plural, está condenado a doses inibitórias de sedativos, ao mínimo sinal de erecção.
  • Jaquim (perdeu o "o" quando uma namorada de tempos idos o surpreendeu furiosamente a coçar os tomates numa esplanada, num momento de distracção em que permitiu que Javardo assumisse os comandos) - É o lunático do conjunto. Padece desde pirralho de desportite aguda. Responsável pela descoberta tardia do universo feminino, ao preencher grande parte da adolescência em actividades desportivas de qualquer espécie, e pelo trauma de simular até aos 15 anos de idade, partidas de futebol de resultado viciado entre pequenos estrumpfes azuis com barretes imaculadamente brancos, sobre a sua cama propositadamente arrelvada para o efeito. Sabe tudo sobre praticamente todos as modalidades praticadas no mundo ocidental e atinge estados de hipnose total durante a leitura dos diários desportivos ou transmissões televisivas de jogos de futebol. Nestes últimos períodos, é vulgar imobilizar todas as restantes personalidades, ao conseguir elevar as suas nádegas a forças da Natureza inamovíveis de um qualquer sofá que exista por perto. Os outros servem-lhe a vingança, vedando-lhe o aceso ao álcool nessas ocasiões de prazer extremo (impedindo-lhe a descoberta dos orgasmos múltiplos). Preenche a metade do cérebro humano que Artimanha não sabe usar, com contentores cheios de informações detalhadíssimas, referentes a vários desportos desde os inícios da década de 80. Vive presentemente dias de inércia, por não conseguir ultrapassar a depressão que o momento do Benfica lhe provoca. Os restantes auguram-lhe grande protagonismo nos cafés do bairro, se Artimanha conseguir viver até aos anos da senilidade.
  • Judas - É o menino bonito do grupo. Aquele que busca os momentos de lazer de qualidade menos duvidosa. Cultiva um certo gosto pela leitura e cinema. Apesar da preguiça inequívoca, é ele que assegura que a masturbação não se torne um part-time na vida de Artimanha. É dotado de inteligência e sentido de humor que domina todos os restantes sem grande esforço. Jacó bebe dos seus conselhos, Javardo aprecia-lhe particularmente a ironia e o sarcasmo e Jaquim agradece-lhe o raciocínio rápido para encher contentor atrás de contentor no seu caminho para lado nenhum.
  • Jansénio (adorei vê-lo na lista dos nomes aceites pela conservatória e se o destino me pregar uma partida e descobrir o caminho marítimo para a paternidade, prometo chamar de Jansénio o meu décimo filho varão) - Jansénio é o neutro. O juiz sensato. Regula desequilibradamente os tempos de antena dos restantes, por forma a impedir actividades criminosas no encéfalo comum, prevenindo e adiando a alienação mental. É ele o guardião involuntário do livro de reclamações, como tal, em caso de leso, enderecem mail ao seu cuidado.

Nós somos Artimanha Fariseu. Muito prazer. Com sorte, voltaremos a falar. Abraço.

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